POR QUÊ ANTES DE MORRER SÓCRATES SOLOU UMA CANÇÃO QUE APRENDIA EM SUA FLAUTA???
Emil Cioran, chamado o filósofo do pessimismo, nos ensina o encantamento de viver nas sombras, de saber se retirar da festa no momento certo, de se recolher ao engrandecimento que só a solidão e o anonimato proporciona. Ninguém tem efetivo CONHECIMENTO se não passar por um processo de dor e esforço. A mágoa é sentimento de espíritos pequenos. Quem não tem dimensão da sua própria desimportância poderá sentir se algum dia não reconhecido. Emil Cioran está cada vez mais sendo estudado num mundo de aparências e imagens falsas que só revelam “sucessos” e felicidades pessoais.
Em uma de suas obras ele lembrou que enquanto preparavam a cicuta, aprendia Sócrates uma canção na flauta. “Para que te servirás? lhe perguntaram.” “Para sabê-la antes de morrer.”
Por esses dias, a amada esposa de um homem entrando na idade provecta, perguntou lhe de que valeria, em termos práticos e utilitários, estar a estudar o grego antigo. O homem deu lhe um beijo e, em tom de humor, disse que estava a cavar o seu lugar no REINO DOS CÉUS.
Emil Cioran recordou aquela resposta de Sócrates, que os manuais banalizaram, pois que ela lhe parecia a única justificação séria da VONTADE DE CONHECER, que se dá até mesmo às portas da morte ou em outro momento difícil qualquer. Momentos de chegada, de luta, e de saída.
O sofrimento fenece quanto mais conhecemos nossas fraquezas pessoais, nossa real desimportância, e podemos compreender a natureza humana, e seu real reflexo nas relações pessoais e coletivas.