Carlos Aníbal, O Preto Rico, partiu no ano de 2021, vitimado pela Covid, e deixou uma lacuna no Circuito das Águas e região, esse que foi talvez das personagens mais populares do Sul de Minas.

Exímio músico, nunca tendo frequentado qualquer escola musical ou estudado teoria, tocava qualquer canção que lhe pedissem ao violão e acompanhava vários conjuntos da região no contra baixo.

O apelido pelo qual era conhecido hoje com certeza é considerado politicamente incorreto> Mas ninguém conseguia chamá-lo de Carlos Aníbal. Era raro.

Como demonstra a imagem ao lado era o mais consagrado cicerone da região. Sempre conseguia um crachá que lhe abria todas as portas para todos os eventos e acesso direto a todas as personalidades. Sua facilidade de comunicação fazia com que fosse considerado um cronista da região.

Sempre se encontrava no Café Avenida, tradicional ponto de encontro em Caxambu. Ali interagia com todos e estava sempre próximo a políticos, intelectuais, músicos, autoridades e dava atenção a todos do povo. Manteve por tempos uma coluna no Jornal local de Caxambu intitulada PRECO RICO NEWS. Ninguém soube ao certo quem, de fato, escrevia e reunia os fatos publicados ali. Ou ele ditava para algum ghost writer.

Sua simplicidade, muitas vezes tangenciava a simploriedade, e essa peculiaridade de sua personalidade o tornou o folclórico até. Personagens de várias passagens e histórias que fazem a festa de muitos narradores da Lagoa Mansa.

Todos as personalidades que aportavam na região quase sempre tinham em Preto Rico o seu primeiro recebedor. Não se sabe como, mas sempre conseguia convites para eventos e era frequente nos palanques.

Quando Itamar Franco, depois de ser presidente, estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, Preto Rico pegou o ônibus em Caxambu e foi visitá-lo. Lá, no Hospital, disseram que eram proibidas visitas. Pediu com urgência que avisassem Itamar Franco que “Preto Rico” estava na portaria. Estava a caráter, de terno e gravata, e foi recebido no quarto pelo político de Juiz de Fora. Itamar, que não estava recebendo ninguém, riu muito das lembranças de Aníbal quando ele acompanhava Nelson Gonçalves ao Violão.

As histórias envolvendo Carlos Aníbal são muitas e, aos poucos, esse espaço tentará reproduzi-las aqui.