GIORGIO AGAMBEN

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Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. E é um dos principais intelectuais de sua geração, autor de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin. Deu cursos em várias universidades europeias e norte-americanas, recusando-se a prosseguir lecionando na New York University em protesto à política de segurança dos Estados Unidos. Foi diretor de programa no Collège International de Philosophie de Paris.

Com O REINO E A GLÓRIA, a investigação sobre a genealogia do poder iniciada pelo filósofo italiano Giorgio Agamben há treze anos com a obra HOMO SACER chega a uma encruzilhada decisiva. Em seus novos e mais importantes estudos, Agamben desvenda qual é a relação que liga tão intimamente o PODER À GLÓRIA e a todo o aparato cerimonial e litúrgico que o acompanha desde o início. Revela que, nos primeiros séculos da história da Igreja, a doutrina da Trindade (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) é introduzida sob a forma de uma ‘economia’ da vida divina, como um problema de gestão e de governo da ‘casa’ celeste e do mundo, aparecendo inesperadamente na origem de muitas categorias fundamentais da política moderna, desde a teoria democrática da divisão dos poderes até a doutrina estratégica dos ‘efeitos colaterais’, desde a ‘mão invisível’ do liberalismo smithiano até as ideias de ordem e segurança. 

Novos estudos de Giorgio Agamben remetem assim a uma “ARQUEOLOIA DA GLÓRIA”, dedicada à história dos aspectos cerimoniais do PODER E DO DIREITO. Para o filósofo italiano, a esfera da glória e da liturgia não desaparece nas democracias modernas, mas desloca-se para novos terrenos como a mídia. “A democracia contemporânea é uma democracia inteiramente fundada na glória, ou seja, na eficácia da aclamação, multiplicada e disseminada pela mídia além do que se possa imaginar”, escreve Agamben.

Em ALTÍSSIMA POBREZA, Giorgio Agamben aprofunda as reflexões sobre o universo sacerdotal iniciadas em obras anteriores da série HOMO SACER e se lança em uma pesquisa sobre as regras monásticas. Dessa forma o estudioso analisa a obediência a um conjunto de comportamentos, princípios, hierarquias e hábitos, práticas repetidas todos os dias para marcar o tempo da comunidade que perpassa a história ate os nossos dias. O filósofo italiano propõe ainda uma rigorosa genealogia das formas monásticas, originárias da Idade Média, relacionando-as às liturgias, à vida comum, às instituições de poder, para construir um duplo caminho: em um profundo mergulho na histórica do pensamento religioso, o autor nos remete diretamente aos dilemas do funcionamento da sociedade contemporânea. Nesse estudo fascinante, o autor reconstrói em detalhes a vida dos monges, de Pacômio a São Francisco, para abordar duas dimensões da vida, geralmente apresentadas como contrapostas: O SER E O PARECER. 

O filósofo italiano Giorgio Agamben é um dos pensadores mais instigantes da atualidade. Em Estado de Exceção, terceiro lançamento da coleção Estado de Sítio, coordenada por Paulo Arantes, ele estuda a contraditória figura dos momentos antes “extraordinários” – de emergência, sítio, guerras – onde o Estado usa de dispositivos legais justamente para suprimir os limites da sua atuação, a própria legalidade e os direitos dos cidadãos. Segundo o autor, “o estado de exceção apresenta-se como a forma legal daquilo que não pode ter forma legal”. Um poder além de regulamentações e controle, que, para Agamben, hoje não é mais excepcional, mas o padrão de atuação dos Estados.

Estado de Exceção é uma reconstrução histórica e uma análise da lógica e da teoria por trás da sua evolução e consequências, de Hitler aos prisioneiros de Guantánamo. Para isso o autor destrincha o pensamento de Carl Schmitt (autor alemão, contemporâneo de Walter Benjamin, com quem polemizou) e seus estudos sobre ditaduras; filósofos e teóricos do direito; e as mudanças nas constituições europeias e norte-americanas que levaram a instituição do estado de exceção como paradigma.

Nesta nova e provocativa obra, que integra o projeto Homo Sacer, o filósofo Giorgio Agamben volta sua arqueologia filosófica ao universo sacerdotal, ou seja, aos sujeitos a quem compete, por assim dizer, o ‘ministério do mistério’. Opus Dei, ‘a obra de Deus’, é a definição de liturgia, isto é, ‘o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo […]’, de acordo com a tradição da Igreja Católica. O vocábulo ‘liturgia’ (do grego leitourgia, ‘prestação pública’) é, entretanto, relativamente moderno: antes de seu uso, era frequente o termo latino officium. Analisando o ofício divino e humano, o livro demonstra porque o mistério litúrgico é a chave para compreender como a modernidade forjou tanto a ética quanto a ontologia, tanto a política quanto a economia do nosso tempo. Em O reino e a glória, publicado pela Boitempo em 2011, Agamben buscou esclarecer o ‘mistério da economia’.  âmbito da praxe terrena’.

Nesta obra de espantoso escopo teórico, Agamben reelabora e define as ideias e os conceitos que guiaram, ao longo de duas décadas, a pesquisa em um território inexplorado, cujas fronteiras coincidem com um novo uso dos corpos, da técnica e da paisagem. O conceito de ação é substituído pelo de uso; o de trabalho, pelo de inoperosidade; o de poder constituinte, pelo de uma potência destituinte. O filósofo italiano arremata as investigações arqueológicas dos oito volumes precedentes e encerra – ou, como prefere o autor, abandona – uma série que imprimiu nova direção ao pensamento contemporâneo. O veio crítico que liga os diversos vetores nos quais se desdobra a obra é a investigação urgente por uma forma de relação com o corpo que não seja de propriedade. Nas palavras de Christian Dunker, que assina a orelha do livro, “o autor oferece um modelo para uma revolução no complexo de posse que corrói a humanidade, um paradigma para a reinvenção do que significa ‘comum’.”