RIMBAUD, O JOVEM LOUCO

Grafite retrata Rimbaud como um jovem nos tempos atuais. reprodução.

JEAN NICHOLAS ARTHUR RIMBAUD

Ele nasceu em Charleville, (Ardennes, Norte de França), a 20 de Outubro de 1854. Foi o segundo filho de Frédéric Rimbaud (1814) e Vitalie Cuif (1815).

Jean Nicholas Arthur Rimbaud, já aluno brilhante no Institut Rossât de Charleville, foi considerado desde cedo menino-prodígio, que se distinguia na composição de versos latinos, foi encorajado nas suas primeiras experiências poéticas pelo seu professor de retórica. Sua amizade com o conterrâneo Ernest Delahaye (1853) se consolidava.

Em 1869 ganhou o seu primeiro prêmio literário, no Concurso Acadêmico de Douai, um concurso de versos latinos. Escreveu o seu primeiro poema conhecido em francês em Dezembro desse ano: “Les Etrennes des Orphelins”.

Imagem estilizada de Rimbaud: Reprodução.
Em 1870, Georges Zambard foi nomeado como professor de retórica no Colégio de Charleville. Estabeleceram uma amizade e Izambard reconheceu no menino um gênio incompreendido e aterrorizado pela mãe. Nesta altura Rimbaud escreveu uma carta ao poeta Théodore de Banville, apresentando-lhes os poemas “Sensation”, “Ophélie” e “Credo in Unam”.
 

Um mês após o início da Guerra Franco-Prussiana Rimbaud fugiu de casa e foi de comboio para Paris. Foi preso à chegada, e saiu graças à intervenção de Izambard, que o levou de volta a Charleville.

Em Outubro fugiu novamente, a pé, passando por Fumay, Charleroi e Bruxelas até chegar a Douai. Durante esta jornada escreveu os poemas “Au Cabaret Vert” e “Ma Boheme”.

No ano seguinte fugiu de novo, de comboio, para Paris. Voltou a pé para Charleville. Em Março começou a colaborar no jornal Le Progrès des Ardennes.

Nesta altura escreveu a Paul Verlaine “Lettre du Voyant”, e compôs paralelamente “Le Bateau Ivre”.  

Foi para Paris, onde foi acolhido por Verlaine e bem recebido pelos poetas parisienses com o seu “Le Bateau Ivre”.

Foto de Verlaine e Rimbaud em seus tempos de profunda amizade em Paris
Rimbaud (2ª à esq.) ao lado de Paul Verlaine no quadro 'À volta da mesa', de Henri Fantin-Latour (1872). Crédito: Domínio Público
Verlaine e Rimbaud viajaram juntos e foram presos temporariamente em Arras, por “conduta suspeita”.

 

Depois foram para Londres e três meses mais tarde Rimbaud voltou a Charleville, a pedido da sua mãe.

Em 1873 Verlaine, doente, chamou Rimbaud a Londres, porém, afastaram-se uns meses depois. Rimbaud, seguindo Verlaine que tinha viajado para Bruxelas, levou dois tiros de Verlaine durante uma discussão, que lesaram o seu punho esquerdo. Rimbaud voltou a Paris, e antes de partir, denunciou Verlaine à polícia. Verlaine foi preso. Após o incidente, Rimbaud iniciou o poema “Une Saison en Enfer”.

Em 1874 Rimbaud começou a escrever as “Iluminacões”, quando viajava com o poeta Germain Noveau para Londres. Noveau retornou a Franca e Rimbaud, doente, recebeu a visita da mãe e da irmã Vitalie. Publicou em Novembro o anúncio: “Parisiense de altos conhecimentos literários e linguísticos e excelente conversação ficaria contente em acompanhar um gentleman ou uma família que desejem viajar aos países do Sul ou do Oriente”.

Na sequência deste anúncio, viajou para Stuttgart e trabalhou como preceptor. Verlaine foi solto, e procurou Rimbaud, com o intuito, em vão, de o converter ao catolicismo.

Entretanto, Rimbaud foi a pé para Itália. Retornou a Charleville doente, onde passou a maior parte do Inverno. Em Dezembro, morria a sua irmã Vitalie.

Em 1876 viajou para Viena onde foi assaltado e acabou sendo expulso do país. No mês seguinte entrou no exército colonial holandês e embarcou para Java, onde desertou e fugiu. Retornou a Charleville no último dia do ano.  

Em 1877 viajou pela Suécia e pela Dinamarca, trabalhando como intérprete de um circo de Hamburgo.

No ano seguinte foi a Gênova, de onde embarcou meses depois para Alexandria.

Retornou novamente à casa da família em 1879, doente, para se restabelecer de tifo. Após uma melhora, tornou-se comerciante na África.

Viajou então pelo Egito, pela Etiópia, atravessou o deserto a cavalo durante 20 dias e em 1882, foi o primeiro europeu a percorrer o rio Ugadine, seguindo a jornada como negociante da empresa onde trabalhava, que o encarregara de explorar o deserto da Somália.

Já na França, em 1885, seis poemas inéditos seus foram publicados por Verlaine, entre eles “Le Bateau Ivre”. 

Rimbaud juntou-se a Pierre Labatut, no final do ano, no comércio de tráfico de armas.

Arma mais famosa da literatura. Revólver com o qual Verlaine atirou em Rimbaud.
As “Iluminações” foram publicadas por Verlaine em 1886 na revista Vogue, que apresentou o autor como “o falecido Arthur Rimbaud“.

Entre 1888 e 1890, Rimbaud iniciou novamente uma jornada, comandando uma caravana de 200 camelos e 3 mil fuzis, com destino ao líder rebelde Makonnen. Nesta época trabalhava como diretor de uma feitoria. Em Julho de 1890 foi surpreendido com uma carta da revista Le France Moderne que pedia a sua colaboração literária.

Em Abril de 1891 foi internado em Áden, na decorrência de um inchaço na perna direita. Quatro meses depois, retornou a França, onde convalesceu num hospital em Marselha. A perna foi-lhe amputada, após diagnóstico de cancro. Fez uma curta viagem com a sua irmã Isabelle a Marselha e três meses depois voltou a ser internado, morrendo em 10 de Novembro.

Foi sepultado quatro dias depois em Charleville.

Rimbaud inspirou o movimento dos “decadentes”, depois simbolistas, surrealistas. 

Na poesia de Rimbaud as ideias eram indicadas pela sugestão indireta dos símbolos, pretendendo expressar emoções vagas e obscuras, que ele acreditava existirem em nós mesmos e que não se situavam no campo da realidade lógica ou da inteligência.

Rara imagem de Rimbaud na África. Ele é o segundo da direita para esquerda.