TAMBÉM OS PROFESSORES E EDUCADORES NÃO TÊM TEMPO PRA LER ?
Quando se pergunta aos entrevistados, entre eles muitos professores e pedagogos do ensino fundamental, quais são seus outros hábitos no tempo livre, há uma curva ascendente e esperada da internet e de redes de mensagens como WhatsApp. O fenômeno das telas rouba atenção da reflexão crítica exigida pela leitura. O costume de ver televisão aponta-se que está em queda, indo da casa dos 80% em 2011 para a de 60% agora.
A parcela de entrevistados que dizem que não gostam de ler subiu sete pontos percentuais e passou a fatia dos que respondem que “gostam muito” de ler —são 29% contra 26%. Já a parcela dos que respondem “gostar um pouco” se mantém mais alta, em 43%.
O maior motivo declarado para não ler, de longe, é a falta de tempo, apontada por 46% dos entrevistados. É a resposta campeã desde a primeira edição da pesquisa. Entre os não leitores, empatam o “não tenho tempo” e o “não gosto de ler”.
Ou seja, professores, educadores, pedagogos exigem leitura e aprendizagem de seus infantes alunos, mas nunca tiveram ou conhecem o hábito da leitura e o processo de conhecimento que ela proporciona.
REFLEXÃO DIANTE DA PALAVRA ESCRITA VIROU CHACOTA
Uma das características mais centrais da chamada Sociedade do Espetáculo em que vivemos, é a total impaciência para ouvir, ler, refletir, pensar, dialogar, silenciar, e na sedução pautada pela imagem. A hiperconecção é o grande acontecimento de nossos dias. De outro quadrante, portanto, a reflexão crítica, pautada num labor curioso, concentrado, nem por isso destituído de prazer, foi substituído pela resposta instantânea das telas.
Não se exige que o receptor da imagem pense ou tenha maior dificuldade crítica. O consumo destitui obstáculos que impeça seus resultados. O elogio da leitura nesse mundo tornou-se assim fator de piada. Resta saber onde todos chegaremos.