FRIEZA
Conforme escreve Euler de França Belém, em outubro de 2019, no JORNAL OPÇÃO, Eduardo Cunha era uma de frieza que impressionava aliados e adversários. Fazia o mal como estivesse comendo pudim e fazia o bem como se estivesse comendo urtiga. Parecia um político sem emoções, com nervos de aço. O livro menciona: Eduardo Cunha “chorou discretamente, com voz embargada, no discurso de renúncia à presidência da Câmara, em fevereiro de 2006. Os demais episódios, como o afastamento do cargo por decisão do STF e, antes, a sessão de aceitação da denúncia contra Dilma, foram protagonizados pela cara de gelo do deputado”.
Os jornalistas descobriram, ao investigar a vida de Eduardo Cunha, que políticos e empresários tinham medo do ex-deputado. Medo que, claro, diminuiu (mas talvez não tenha acabado) com sua prisão. Hoje, denunciado pela Operação Lava Jato, está preso em Bangu 8. Mesmo assim, assinala Aloy Jupiara, “escrever foi montar um quebra-cabeças”.
RIQUEZA E RELIGIOSIDADE
A história contava no livro chama atenção quando trata da conversão do poderoso Eduardo Cunha ao cristianismo neopentecostal, com a montagem de uma rede de empresas chamada Jesus.Com, que gerenciava desde sites evangélicos até uma frota de oito veículos de luxo pertencentes ao deputado (incluindo dois Porsche Cayenne). E culminam com participação suspeita em compras de áreas para exploração de petróleo na África.
Milionário, Cunha amarga hoje o calabouço e escreve livros sobre o período. Foi vizinho de cela do ex-correligionário do MDB e atual inimigo político Sérgio Cabral (imagem abaixo), o ex-governador do Rio condenado a 267 anos de prisão.
VIDA NORMAL
Atualmente, Eduardo Cunha está sempreensaiando sua volta. Daí seria interessante retomarmos as obras escritas sobre corruptos brasileiros. Conforme declarou ao SITE 360 GRAUS: “É a hora da “velha” política….”
É que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB) está tentando a volta à política. Não à política eleitoral, para a qual retornou depois de 2022. Mas para os bastidores, de onde articulou a eleição da sua filha Danielle para a Câmara. Conhecido pela sua capacidade de analisar o cenário político com precisão, Cunha, que está com 64 anos, fez uma previsão para as eleições de 2022 que se mostraram corretas: a onda da novidade acabou.
Por falar em vida normal, em janeiro de 2025, os jornais cariocas noticiaram a vida boa que leva Sérgio Cabral, outro personagem desse modo de fazer política. Comandante condenado de um dos mais escandalosos esquemas de corrupção da história do país. Um vídeo de Cabral na piscina de sua casa foi criticado por uma ONG que trabalha com transparência: “símbolo da impunidade brasileira”.